Como a lógica do consumismo pode minar nossa espiritualidade e nos afastar do verdadeiro propósito divino.
O Perigo do Consumismo na Vida Cristã
Vivemos em uma era de consumo desenfreado, e isso não se limita apenas a bens materiais. A mentalidade consumista tem invadido a igreja e nossa relação com Deus. Muitas vezes, buscamos o Senhor como um meio para obter prosperidade, conforto e sucesso, ao invés de reconhecê-Lo como o fim último de todas as coisas. Mas será que essa abordagem reflete uma fé genuína?
O Exemplo de Uzias: Quando o Poder se Torna um Ídolo
A história do rei Uzias ilustra como o desejo desenfreado pelo poder pode levar à ruína. Durante seu reinado, houve um período de paz e prosperidade, mas sua autoconfiança o levou à queda:
“Entretanto, depois que Uzias se tornou poderoso, o seu orgulho provocou a sua queda. Ele foi infiel ao Senhor, ao seu Deus, e entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar de incenso.” (2 Crônicas 26:16)
Uzias usou Deus como um meio para conquistar mais poder, tomando para si uma posição que não lhe pertencia. Esse mesmo padrão se repete quando tratamos nossa fé como um instrumento para alcançar nossos próprios objetivos.
Isaías Diante da Santidade de Deus
No capítulo 6 de Isaías, vemos uma transformação radical na visão do profeta sobre Deus. Ele testemunha a grandiosidade do Senhor em uma teofania e percebe sua própria indignidade:
“Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” (Isaías 6:5)
A primeira coisa que Isaías nota é que Deus está assentado em um trono elevado, mostrando Seu domínio absoluto sobre todas as coisas. Os serafins proclamam Sua santidade, reconhecendo a reverência que Ele merece. Diante disso, Isaías se vê completamente pequeno e indigno.
De Consumidores a Consumidos
Muitas vezes, tentamos “consumir” Deus em busca de bênçãos e soluções para nossos problemas. No entanto, o verdadeiro encontro com Ele nos leva a sermos consumidos por Sua glória. Isso muda nossa postura de querer receber para desejar servir.
O profeta passa por uma purificação simbólica com a brasa viva trazida pelo serafim. Isso aponta para o Espírito Santo, que nos transforma e nos santifica:
“Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:16)
O Chamado para Servir
Após esse encontro, Isaías ouve a voz do Senhor perguntando quem Ele enviaria para anunciar Sua palavra. A resposta do profeta é emblemática:
“Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Isaías 6:8)
Quando temos uma visão correta de Deus, deixamos de buscar apenas o que Ele pode nos dar e passamos a desejar servi-Lo independentemente das circunstâncias. O trabalho no Senhor não é pautado por resultados humanos, mas por fidelidade e entrega.
Conclusão
O consumismo espiritual nos afasta do verdadeiro propósito da fé. Quando reconhecemos a soberania de Deus, nossa postura muda: deixamos de ser consumidores e passamos a ser consumidos por Sua glória. Que possamos dizer como Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”

